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AFONSO, Alcilia e PEREIRA, Ivanilson. RESGATE DO PATRIMÔNIO INDUSTRIAL DA FÁBRICA PREMOL. CAMPINA GRANDE-PB. DÉCADA DE 60. SÉCULO XX. Campinas: 1º Encontro nacional de arte e patrimônio industrial.2019.
Esta postagem trata-se de uma síntese sobre a pesquisa que está resgatando o patrimônio industrial da fábrica
Premol Indústria e Comércio S.A, voltada para a produção de pré-moldados em
concreto na cidade de Campina Grande, localizada na região Agreste, na Serra da
Borborema da Paraíba, nordeste brasileiro.
O recorte temporal da década de 60 é
justificado por ter sido um período áureo do crescimento industrial regional,
considerando que a SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste)
estaria injetando recursos em toda a região para a formação e desenvolvimento
de distritos industriais nas pequenas e médias cidades nordestinas.
O objetivo é
salvaguardar a memória e importância desse acervo para a compreensão da produção
arquitetônica local, onde se observou o uso constante de peças pré-moldadas em
concreto em várias obras; assim como, trazer à tona nesse evento essa
contribuição acadêmica, inserindo a cidade de Campina Grande na discussão de
patrimônio industrial nacional.
A fábrica da Premol- era considerada na época, como
uma das maiores produtoras regionais de elementos pré-fabricados da cidade, do
estado e da região, e pouco foi explorada em artigos ligados ao patrimônio
industrial brasileiro.
A pesquisa que desenvolve-se trabalha com metodologia que se baseia em uma linha de investigação
proposta por Afonso (2019) que busca dialogar com autores clássicos na área da
pesquisa arquitetônica, onde é proposto como procedimento de análise o trabalho
considerando sete dimensões da arquitetura (normativa, histórica, espacial,
tectônica, formal, funcional e de conservação) procurando investigar sobre o
objeto arquitetônico e sua relação com os distintos condicionantes que a
originaram.
Como referencial teórico, autores como Bruna (2002), a Carta de
Nizhny Tagil (2003), Kühl (2008), Rufinoni (2013), Afonso (2017), entre outros
serão utilizados como aporte necessário para a compreensão da importância do
patrimônio industrial.
Origens da fábrica Premol em Campina Grande.
Classificada como uma Indústria de transformação de minerais não metálicos, no Cadastro das Indústrias da Paraíba FIEP (1969), a empresa Premol Indústria e Comércio S/A- consta como fundada na cidade de Campina Grande em 1964 e possuía como diretor presidente o Sr. Maurício Cloves de Almeida, e como sócios, o Sr. Antonio Leal Filho- diretor comercial e, Carlos Alberto Lins Albuquerque, diretor.
Fundamental para a elaboração da pesquisa que desenvolve-se foi a entrevista realizada com o antigo presidente da Premol, o Sr. Mauricio Almeida (AFONSO, 2019), que narrou fatos importantes para o entendimento da criação, consolidação e abrangência da atuação desta fábrica no cenário não apenas campinense, mas também regional.
Entrevista com o Sr. Mauricio de Almeida à Alcília Afonso. Fonte: PEREIRA,Ivanilson. 2019.
No de 1962, Mauricio Almeida e seu primo, Luiz José de Almeida decidiram abrir uma construtora para atuar na área de pavimentação e criam a Conspav, que foi a origem da fábrica Premol.
Luiz Almeida cursou engenharia civil no Rio de Janeiro e estagiou em uma empresa de pré-moldados havendo acompanhado o processo construtivo e tecnológico da fabricação de grandes postes naquele estado.
Tal experiência o fez convidar Mauricio de Almeida para abrirem a Premol, que foi criada oficialmente em 1964 (segundo dados do Cadastro das Indústrias da Paraíba de 1969) para fabricar, inicialmente, postes pré-moldados em concreto para eletrificação- setor que se desenvolvia bastante naqueles anos de criação de uma infraestrutura na região nordeste, incentivada pela política desenvolvimentista da SUDENE.
Estava localizada na Rua Luiz Malheiros, 310, no bairro de Bodocongó, e se destinava à fabricação de postes e pré-moldados em cimento armado.
Mapa de localização da Fábrica da PREMOL.CG. Fonte: PEREIRA,Ivanilson.2019.
Mauricio Almeida narrou que através de uma parceria com o curso de engenharia civil da antiga Escola Politécnica sediada no atual campus da UFCG/ Universidade Federal de Campina Grande, eram realizados os testes de carga e resistência dos elementos pré-fabricados pela Premol.
A Premol tornou-se anos 70 a 80, um grupo de empresas, possuindo metalúrgica, construtora, mineradora com várias filiais pulverizadas em toda a região nordeste, segundo narrou Maurício Almeida.
Infelizmente, devido a problemas administrativos e financeiros, causado por problemas familiares e também da crise política econômica nacional, a empresa fechou suas portas em 2003, alugando o complexo fabril e seus equipamentos, para CIP/ Comércio e indústria Ltda, segundo depoimento do antigo armador de estruturas, Sr. Antonio (AFONSO, 2019).
Linha do tempo da Fábrica da PREMOL.CG
Fonte: AFONSO,A.2019
OS PRODUTOS DA PREMOL
Na entrevista concedida por Maurício Almeida (AFONSO, 2019) pode-se observar que a Premol possuía três segmentos: 1) A industrialização de postes pré-fabricados para obras importantes de eletrificação; 2) A confecção de estruturas de diversos tipos para a construção civil; 3) Elementos diversificados para equipamentos urbanos e infraestrutura.
No segmento de fabricação de estruturas para a construção civil, Mauricio Almeida citou quatro tipos de sistemas estruturais que estavam presentes nas suas obras: No segmento de fabricação de estruturas para a construção civil, Mauricio Almeida citou cinco tipos de sistemas estruturais que estavam presentes nas suas obras:
1) Sistema PL de dois pilares e duas vigas; 2) Sistema pilar e viga únicos; 3) Sistema de viga única para grandes vãos com dois pilares; 4) Sistema de dois pilares e duas vigas; 5) Sistema pilar central e viga única. A seguir será tratado sobre cada sistema citado.
Abaixo, alguns exemplos.
Produtos realizados pela PREMOL. Fonte:PEREIRA,Ivanilson. 2019.
Produtos realizados pela PREMOL. Fonte:PEREIRA,Ivanilson. 2019.
Produtos realizados pela PREMOL. Fonte:PEREIRA,Ivanilson. 2019.
A completa destruição de um complexo industrial com aproximadamente meio de século de existência deixou a todos os pesquisadores perplexos com o fato, pois em visita de campo ao lugar, o que resta são apenas ruínas das subestruturas. A impressão que se tem, é de que deve ter havido um problema muito grave nesta antiga administração- uma má gestão que permitiu que esta história tivesse parte da mesma, apagada.
A pesquisa continua em andamento e ainda muitos fatos necessitam ser aprofundados.
Alcilia Afonso e Ivanilson Pereira em visita de campo para resgatar estruturas construídas pela PREMOL. Fonte: PEREIRA,Ivanilson.2019.
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