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Tectônica: a dimensão construtiva na obra de Renato Azevedo.

CONCEITO DE TECTÔNICA_ arquitetura como concepção e construção

O crítico inglês K. Frampton definiu tectônica como uma das dimensões essenciais da arquitetura juntamente com a dimensão espacial, e passou a admitir  o aspecto representacional da forma arquitetônica e sua capacidade de se referir aos valores culturais encontrados, além dos parâmetros do seu contexto imediato, tanto que, em termos das dimensões tectônica e espacial, a forma construída pode ser tão representacional em suas implicações quanto é ontológica.(FRAMPTON, 1999).

O termo é definido como o “ caráter essencial da arquitetura através do qual parte de sua expressividade intrínseca é inseparável da maneira precisa da construção”, não mais se apresentando como um manifesto contra o cenográfico e  o representacional, mas como uma maneira de abordar a arquitetura enquanto concepção e construção, enquanto realização, conjuntamente. 

Desse modo, o estudo da tectônica, ou seja, a apreensão e o cuidado com os detalhes e articulações de materiais e junções, é visto aqui, como capaz de prover um novo olhar sobre a arquitetura  brutalista.

A forma como os materiais são tratados na arquitetura brutalista, a exposição de partes e arremates, a busca por uma  honestidade construtiva, a utilização dos materiais brutos, a evidenciação do processo construtivo, alinha-se  com a reflexão de arquitetos e teóricos que devem se estudados tais como Gevork Hartoonian (1994), Frampton (1995), Vittorio Gregotti (1983), Marco Frascari (1984), a fim de enriquecer mais os estudos críticos e referenciados das obras a serem analisadas nesta pesquisa.

A arte de construir de Renato Azevedo
Renato  Aprígio Azevedo da silva, nasceu em Campina Grande, em 1943 e faleceu em Recife, em 4 de abril de 1997. Graduou-se em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1968, onde foi aluno dos mestres Delfim Amorim, Acácio Gil Borsoi e Heitor Maia Neto, além de ter recebido naquela escola, uma formação de arquiteto e urbanista com base moderna.

Em Campina Grande, foi autor de diversos projetos arquitetônicos, tais como a sede atual da Secretaria de Educação (antigo Museu Assis Chateaubriand), Escola de Dança do Parque do Povo, Shopping Campina Grande (Largo do açude novo), bem como, projetos urbanísticos como o canal do Prado, os parques Evaldo Cruz, Parque da Criança, bem como, projetos para as avenidas Canal e Manoel Tavares.

Será visto aqui, algumas imagens que representam a tectônica de sua obra realizada para a sede Do Museu Assis Chateuabriand, que hoje abriga a Secretaria Municipal de cultura de Campina Grande.

Fotos: Alcilia Afonso. 2015.











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